Uma das
perguntas que mais pega católicos desprevenidos é a famosa: “Por
que vocês adoram imagens?”. Alguns de nós ainda se lembram de
explicar que não adoramos imagens,
mas, sim, temos devoção
pelas mesmas – o que é totalmente diferente. Agora
saber explicar a base bíblica para nossa devoção é habilidade que
poucos possuem, porque, infelizmente, necessitamos de catequese. Não
é sem
sentido que o Papa Bento XVI exorta: “Estudai o
catecismo! Esse é o desejo do meu coração. Estudai o catecismo com
paixão e perseverança! […] Tendes de saber em que credes.”
Quando eu era pequena, uma amiga protestante rasgou uma imagem de
Santo Expedito que eu tinha. Na época, não passava de uma católica
do tipo “sou católica porque minha família é”. Ia à missa uma
vez por ano, arrastada. Hoje, escrevo para vocês sobre a Igreja.
Costumo dizer que sofri a “vingança” que Cristo fez cair sobre
Paulo, o qual, de perseguidor da Igreja, tornou-se apóstolo, mártir
e santo de Deus.
Por causa do episódio com Santo Expedito, passei minha infância
inteira e parte de minha adolescência odiando o santo, achando que
ele era uma espécie de Judas, traidor de Jesus. Só quando fui
estudar a Bíblia foi que entendi a importância dos santos e das
imagens.
Os argumentos que são comumente lançados contra nós são passagens
como: “Não farás para ti imagem de escultura
representando o que quer que seja do que está em cima do céu, ou
embaixo da terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás
diante delas para render-lhes culto, porque eu, o Senhor, teu Deus,
sou um Deus zeloso […].” (Deuteronômio
5:8-9) e “Temerás
o Senhor, teu Deus, a ele servirás o teu culto e só jurarás pelo
seu nome.” (Deuteronômio 6:13)
São passagens fortes. De fato, fazem parte do Primeiro Mandamento, e
são bem claras. Logo, nada de imagens, sob hipótese alguma, certo?
E as passagens a seguir?
“Fez
no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez
côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco
côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à
extremidade da outra. [...] Salomão pô-los no fundo do templo, no
santuário. Tinham as asas estendidas, de sorte que uma asa do
primeiro tocava uma das paredes e uma asa do segundo tocava a outra
parede, enquanto as outras duas asas se encontravam no meio do
santuário.” (1 Reis 6:23-24.27)
“Vieram
todos os anciãos de Israel e os sacerdotes tomaram a arca do Senhor.
Levaram-na, assim como a Tenda de Reunião e todos os utensílios
sagrados que havia no tabernáculo: foram os sacerdotes e os levitas
que os levaram. O rei Salomão e toda a assembleia de Israel reunida
junto dele conservavam-se diante da arca. Sacrificavam tão grande
quantidade de ovelhas e bois que não se podia contar. Os sacerdotes
levaram a arca da aliança do Senhor para seu lugar, no santuário do
templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins.” (1
Reis 8:3-6)
“Por
cima das colunas pôs um trabalho em forma de lírio. E assim foi
acabada a obra das colunas. Hirão fez também o mar de bronze, que
tinha dez côvados de uma borda à outra, perfeitamente redondo, e
com altura de cinco côvados; sua circunferência media-se com um fio
de trinta côvados.” (1 Reis 7:22-23)
Como
pode Deus proibir e, ao mesmo tempo, incentivar uma coisa? Porque,
sim, Ele incentivou! Foi
o próprio Senhor quem disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente
ardente e mete-a sobre um poste” e
ordenou a construção da Arca da Aliança. Alguns
afirmam que, durante um período, Deus permitiu a construção de
imagens, porém já não o permite. Eles
estão certos e errados. Vejamos
por quê:
“Destruiu
os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau
asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito,
porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela.
{Chamavam-na Nehustã}.” (2 Reis 18:4)
É errôneo afirmar que Deus proibiu algo que havia permitido,
porque, em Hebreus 13:8, consta: “Jesus Cristo
é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.”
Mas, de fato, a serpente foi destruída. Foi destruída porque, ao
invés de respeitá-la, ter devoção, os israelitas
adoraram a imagem – podemos respeitar imagens e santos,
todavia adorar, somente a Deus. Respeitamos santos, posto que eles
dedicaram suas vidas a Cristo, carregaram sua cruz após o Mestre.
São exemplos a seguir, porém nunca a adorar (“'Portanto,
se te prostrares diante de mim, tudo será teu.' Jesus
disse-lhe: 'Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só
servirás {Dt 6, 13}.'” – Lucas 4:7-8)
Quando os hebreus somente respeitavam a serpente, ela chegava a
curá-los. O local em que estava era claramente um lugar de devoção:
fixada num poste, onde todos poderiam vê-la. No momento em que o
povo de Deus passou a adorar a serpente, no entanto, ela foi
destruída. A mudança é visível no trecho “[...] porque os
israelitas tinham até então queimado incenso diante dela […].”
Incenso é sinal de adoração, como mostram as passagens que se
seguem: “Construirás um altar para queimares
sobre ele o incenso. Fá-lo-ás de madeira de acácia […]. Aarão
queimará sobre o altar incenso aromático a cada manhã, quando
preparar as lâmpadas; queimá-lo-á também entre as duas tardes,
quando acender as lâmpadas. Haverá desse modo incenso diante do
Senhor perpetuamente nas gerações futuras. […] Esse
altar será uma coisa santíssima, consagrada ao Senhor.”
(Êxodo 30:1.7-8.10)
No caso acima, o incenso é queimado ao Senhor, em sinal de adoração,
o que constitui algo santo. O mesmo não ocorre no exemplo a seguir,
em que o incenso é queimado a outros deuses, o que é abominação
(“Se se encontrar no meio de ti [...]
um homem ou uma mulher que faça o que é mau aos olhos do Senhor,
teu Deus, violando sua aliança, indo servir outros deuses ou
adorando o sol, a lua, ou o exército dos céus – o
que eu não mandei –, [...] farás uma
investigação minuciosa. Se for verdade o que se disse, se
verificares que realmente se cometeu tal abominação em Israel […]”
– Deuteronômio 17:2-4), pois vai contra o
Primeiro Mandamento.
“Por esse tempo edificou Salomão no monte, que está a
oriente de Jerusalém, um lugar alto a Camos, deus de Moab, e a
Moloc, abominação dos amonitas. E o mesmo fez para todas as suas
mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus
deuses. O Senhor irritou-se contra Salomão, por se ter seu coração
desviado do Senhor, Deus de Israel, que lhe aparecera por duas vezes,
e lhe tinha proibido expressamente que se unisse a deuses estranhos.
Mas não seguira as ordens do Senhor.” (1
Reis 11:7-10)
O Senhor também ordena a construção da Arca da Aliança, objeto de
extrema importância para Seu povo. A Arca fica embaixo dos dois
querubins de ouro que anteriormente Ele mandara construir (“Os
sacerdotes levaram a arca da aliança do Senhor para seu lugar, [...]
debaixo das asas dos querubins.”) São
sacerdotes e levitas, os mais puros da época, que carregam a Arca
(“[...] foram os sacerdotes e os levitas que os
levaram.”) O objeto constituía motivo de tão
grande devoção, que seu lugar é sagrado (“Os
sacerdotes levaram a arca da aliança do Senhor para seu lugar, no
santuário do templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos
querubins.”)
Ainda no primeiro livro dos Reis, Hirão, habilidoso trabalhador,
representa um mar em bronze (“Hirão fez também
o mar de bronze […].”) Em todos os casos
citados, imagens equivalentes a coisas que estão “[...]
em cima do céu, ou embaixo da terra, ou nas águas
debaixo da terra” são criadas. Em um caso,
porém, elas são adoradas, cultuadas (“Não te
prostrarás diante delas para render-lhes culto […].”
/ “Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só
servirás.”) Nesse caso, trata-se de abominação para o
Altíssimo.
Voltando para o caso da serpente feita por Moisés, o poder de cura
da mesma chama atenção. Esse fato é similar a imagens que, hoje,
“fazem” milagres – na verdade, quem realiza o milagre não é a
imagem nem o santo que ela representa, mas o próprio Deus, que olha
para a fé de Seus filhos.
Então, o que o Primeiro Mandamento quer dizer, já que não se trata
de uma incoerência com o restante da Bíblia (“Pois
em verdade vos digo: 'passará o céu e a terra, antes que desapareça
um jota, um traço da lei.'” – Mateus 5:18)? Simples:
“Não farás para ti imagem de escultura [dos
deuses pagãos] representando o que quer que seja do
que [os pagãos pensam, erroneamente, que]
está em cima do céu, ou embaixo da terra, ou nas
águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas [dessas
imagens, tal qual fazem os pagãos] para render-lhes
culto, porque eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus zeloso […].” E,
antes que alguém pense, não estou acrescentando algo às
Escrituras, mas fazendo uso da interpretação oficial da Igreja
Católica.
Interpretação essa que é a mesma dos primeiros cristãos, os quais
tiveram contato com Jesus e com os apóstolos, e que marcavam as
catacumbas em que celebravam seus cultos com pinturas santas, tais
quais o Cristo Sofredor e o Santo Sudário. Vários santos tinham
respeito por imagens, como Santa Teresinha do Menino Jesus (que
apresentava forte admiração pela Virgem do Sorriso, a qual ficava
em seu quarto, atribuindo-lhe, inclusive, uma grande cura sua), São
Francisco de Assis (que recebeu sua vocação de Jesus Crucificado) e
Santa Catarina de Labouré (que sonhava ver Maria e foi responsável
pela difusão da Medalha Milagrosa).
As imagens são, efetivamente, uma ótima forma de evangelização
para os analfabetos, os quais encontram dificuldades em viver de Sola
Scriptura. Desafio os carrascos das imagens a ter mais fé do que
uma senhora rezando seu terço, ou uma jovem pedindo a São Rafael
Arcanjo a intercessão pela cura de seu pai.
“O
Senhor reina, tremem os povos; seu trono está sobre os querubins:
vacila a terra. [...] Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos
ante sua montanha santa, porque santo é o Senhor, nosso Deus.”
(Salmos 98:1.9)
Escrevi muito, pois não queria deixar dúvidas sobre um assunto tão
debatido. Reservei outro post para encerrar o assunto, no qual
falarei sobre a devoção de imagens por parte dos primeiros
cristãos, a importância da cruz, do terço, do Santíssimo
Sacramento e de outros objetos sagrados. Até lá!
Nota:
a(s) imagem(ns) que ilustra(m) o post não me pertence(m). Foi(ram)
retirada(s) da Internet.
Nota2:
os seguintes sítios foram utilizados como fontes: Filhosde Israel e PapoCatólico.
Nota3: dúvidas, sugestões, críticas e/ou depoimentos podem ser enviados para o e-mail jovenscomchamado@gmail.com.
Nota3: dúvidas, sugestões, críticas e/ou depoimentos podem ser enviados para o e-mail jovenscomchamado@gmail.com.
2 comentários:
Minha querida com todo Respeito, procure ler a Bíblia inteira e não os versículos isolados..
Moisés fez então uma serpente de bronze e a colocou num poste.
Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, permanecia vivo.
Quem, porém, em sua incredulidade não olhasse para a serpente e confiasse em outros remédios, morreria.
Era, portanto, necessário que o que fosse mordido tivesse fé suficiente apenas para olhar para a serpente.
Mas pêra aí...
O leitor pode estar pensando...
Isso não é culto a uma imagem?
Não, isso não é culto a serpente, nem veneração e nem adoração, e evidentemente Deus jamais admitiria.
Prova disso foi que, posteriormente, indivíduos idólatras e supersticiosos entre os israelitas começaram a adorar a serpente de bronze, quando, nos dias do rei Ezequias, essa figura de bronze foi destruída, por haver-se tornado um objeto idólatra (II Rs 18.4).
Ezequias a chamou de Neustã (pedaço de bronze), dando a entender que a tal serpente era metal e nada mais.
Fica na Santa Paz de Deus.
Estou aberto a discussão,é só me add no face book, pesquisa lá wanduyne que só tem eu... abraços
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