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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida" (pt. 01)



"Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos." (Mateus 10:16-18)


Meu querido Ashiq [esposo], meus queridos filhos,

É uma grande provação, estas que tereis de enfrentar. Esta manhã, fui condenada à morte. Confesso-vos que, quando ouvi o veredicto, chorei, mas no fundo não fiquei surpreendida. Não estava à espera de clemência nem de coragem por parte dos juizes, que se submeteram às pressões dos mulás e do fanatismo religioso. Desde que voltei à minha cela e sei que vou morrer, todos os meus pensamentos vão para ti, meu Ashiq, e para vós, meus filhos adorados. Censuro-me por vos deixar sozinhos em pleno turbilhão.

A ti, Imram, meu filho mais velho de dezoito anos, desejo-te que encontres uma boa esposa e que a faças feliz tal como o teu pai me fez a mim.

Tu, Nasima, minha filha maior de vinte e dois anos, já encontraste um marido, a família dele e uns sogros acolhedores; dá ao teu pai os netos que irás criar na caridade cristã como nós sempre fizemos.

Tu, minha doce Isha, tens quinze anos, mas nasceste com falta de entendimento. O papá e eu sempre te considerámos uma dádiva de Deus, tão boa que és e tão generosa. Não deves perceber porque é que a mamã não está aí, ao pé de ti, mas estás presente no meu coração, tens sempre lá um lugar especialmente reservado, somente para ti.

Sidra, tens apenas treze anos e eu sei que, desde que estou na prisão, és tu que tratas das coisas da casa, és tu que tomas conta de Isha, a tua irmã, que tanto precisa de ser ajudada. Censuro-me por obrigar-te a uma vida de adulta, tu que és tão pequena e que ainda devias brincar com bonecas.

Tu, minha pequena Isham, tens apenas nove anos e já vais perder a tua mamã. Meu Deus, como a vida é injusta! Mas visto que irás continuar a frequentar a escola, estarás mais tarde habilitada a defender-te perante a injustiça dos homens.

Meus filhos não percais a coragem, nem a fé em Jesus Cristo. Há-de haver dias melhores nas vossas vidas, e, lá no alto, quando eu estiver nos braços do Senhor, continuarei a velar por vós. Mas, por favor, peço-vos a todos os cinco que sejais prudentes, que não façais nada que possa ultrajar os muçulmanos ou as normas deste país. Minhas filhas, gostaria muito que tivésseis a sorte de encontrar um marido como o vosso pai.

Ashiq, amei-te desde o primeiro dia, e os vinte anos que passámos juntos são a prova disso mesmo. Nunca deixei de agradecer aos céus a sorte de te ter encontrado, de ter tido a possibilidade de casar por amor e não um matrimónio combinado, como acontece na nossa região. Os nossos dois feitios sempre combinaram um com o outro, mas o destino estava à nossa espera, implacável… Criaturas infames atravessam-se no nosso caminho. Estás agora sozinho perante o fruto do nosso amor, mas deves manter a coragem e o orgulho da nossa família.

Meus filhos, desde que estou encerrada nesta prisão, oiço as descrições de outras mulheres para quem a vida também se mostrou muito cruel. Posso dizer-vos que tivestes a sorte de conhecer a vossa mãe, a alegria de viver do nosso amor e da nossa coragem para trabalhar. Sempre tivemos o supremo desejo, o pai e eu, de sermos felizes e de vos fazermos felizes, embora a vida não fosse fácil todos os dias. Somos cristãos e somos pobres, mas a nossa família é uma grande riqueza. Gostaria tanto de vos ver crescer, educar-vos e fazer de vós pessoas honestas – mas sê-lo-eis certamente! Sabeis a razão por que vou morrer e espero que não me censureis por partir assim tão depressa, porque estou inocente e não fiz nada daquilo que me acusam.

Tu sabes que é verdade, Ashiq, tal como sabes que sou incapaz de violência e de crueldade. Às vezes, porém, sou teimosa.

Por aquilo que calculo, não vai demorar muito. Em poucos minutos, fui condenada à morte. Não sei ainda quando me irão enforcar, mas podeis estar tranquilos, meus amores, irei de cabeça levantada, sem medo, porque serei acompanhada por Nosso Senhor e pela Santa Virgem Maria, que vão receber-me nos seus braços.

Meu bom marido, continua a educar os nossos filhos como eu gostaria de fazer contigo.

Ashiq, meus filhos bem-amados, vou deixar-vos para sempre, mas amar-vos-ei eternamente.


Carta de Asia Bibi Noreen, paquistanesa com cerca de 45 anos, condenada à forca por blasfêmia contra o Islã, em  novembro de 2010. Mãe de cinco filhos, todos criados segundo a doutrina cristã, Asia faz parte de uma minoria religiosa que soma menos de 3% da população do país, e não raro é alvo de perseguição por parte dos extremistas islâmicos.


"Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação." (Lucas 21:16-19)

"Prefiro morrer cristã que sair da prisão como muçulmana", foi a resposta de Asia Bibi Noreen ao juiz, quando o mesmo lhe ofereceu a liberdade em troca da adesão ao Islamismo. Não é preciso ser especialista em história ou religião para reconhecer nessa oferta e nessa resposta o eco de um passado sangrento.

Quantos mártires – homens, mulheres, jovens, crianças – preferiram derramar seu sangue a aceitar outro Senhor que não Deus, outro Messias que não Cristo, outra Religião que não o Cristianismo? Quantas pessoas foram degoladas, enforcadas, queimadas ou entregues às bestas famintas por não negar o nome de Jesus? Tais indivíduos deixaram marcas profundas através dos séculos. Seu sangue serviu de semente para o surgimento de novos cristãos, que se multiplicaram rapidamente por todo o mundo.

Mas os mártires pertencem ao passado, confere? De forma alguma. Só no século XX foram feitos mais mártires do que em toda a história da Igreja Católica. Adentramos um novo século, porém, infelizmente, múltiplas pessoas ainda sofrem e são mortas por suas crenças. Nisso reconhecemos a Palavra, que afirma que os verdadeiros seguidores de Cristo serão perseguidos até o fim dos tempos. Nem todos serão torturados e/ou mortos. Todavia, essa é uma realidade que não pode ser ignorada.

O Destrave, blog da Canção Nova dedicado aos jovens, organizou um especial denominado A Igreja Perseguida (recomendo muito, muito. Leiam e vejam!), com o intuito de mostrar que ser cristão não é fácil. Como conversava com meu padrinho estes dias, professar o nome de Cristo é assunto bastante sério. Corremos inúmeros riscos ao fazê-lo, mesmo vivendo em um país liberal como o Brasil. Porém, é nosso dever anunciar a Palavra aonde formos, afinal, diz o próprio Jesus: "Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus." (Mateus 10:33)

E agora, como proceder? Como entender o que Cristo diz? Onde encontrar coragem para não "negá-lo diante dos homens", quando o próprio apóstolo Pedro – aquele a quem Jesus confiou Sua Igreja –, fê-lo três vezes numa só noite?

Quero partir da história dessa humilde paquistanesa para refletir sobre tais questões. Não busco copiar a ideia do Destrave, até porque não teria como fazer algo que chegasse aos pés do material que eles reuniram. Pretendo, a partir de fatos e dados, construir um panorama mais claro dessas pessoas que – tão distintas em idade, sexo, época, cultura, local de vivência, situação financeira e social – abrem mão de "tudo" por amor a Deus. Procurar a lógica, a razão... e também os sentimentos, as emoções. Por que morrer, ao invés de dizer uma simples mentira? Você morreria por um ideal? Pelo Ideal?

Nos vemos na continuação deste post. Até lá, pensem nos questionamentos que levantei. Preservando o respeito pela crença de cada um, podemos construir uma boa discussão! ;)


"Eu conheço a tua angústia e a tua pobreza - ainda que sejas rico - e também as difamações daqueles que se dizem judeus e não o são; são apenas uma sinagoga de Satanás. Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis tribulações durante dez dias. Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida." (Apocalipse 2:9-10)

Nota: a(s) imagem(ns) que ilustra(m) o post não me pertence(m). Foi(ram) retirada(s) da Internet.
Nota2: os seguintes sítios foram utilizados como fontes: Inst. Plínio Corrêa de Oliveira e Destrave (Canção Nova).
Nota3: gostaria de pedir que, em suas orações, dediquem um minuto que seja a Asia Bibi e sua família, que passaram e ainda passam por tantas provações. Para a proteção dos mesmos, o governo paquistanês divulga poucas informações sobre o destino de Asia e o paradeiro de sua família. Sabe-se, contudo, que um fundamentalista islâmico ofereceu um bom preço pela cabeça da mulher. Não sei dizer se ela ainda está viva.

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